12.03.2010

Amores, bebidas e deuses.

Sei bem que foi o vinho que derramara em minha blusa branca que lhe fez me notar. Eu era invisível aos teus olhos antes desse acontecimento tão simples e tolo. Minha blusa suja de vinho e teus lábios sujos de desejo. “Parece sangue” foram as palavras que saíram de sua boca. Eu poderia ter rido, poderia ter continuado aquela sua tentativa tola de conversa.

O que fez você derrubar a droga daquele vinho em mim? O destino? Não acredito nele, é apenas uma forma que o ser humano encontrou de sentir-se ainda mais impotente, fraco. Deve ter sido Dionísio, não Afrodite. E se eu tivesse prosseguido com a conversa talvez eu acordasse em sua cama sem ter seu reconhecimento.

Desviei o olhar e murmurei algo como “imbecil”, saindo fingindo irritação. Fora o medo que me obrigara àquela atitude. Não foi nenhum deus tolo. A culpa de todo esse caos é do maldito vinho e da maldita blusa branca, o libido desperto e o desejo latente. Eu não te quis ao meu lado e bastou.

Sentado em um lugar afastado eu comecei a observá-lo a distancia. Agora sim eu te queria ao meu lado, desejava seus lábios nos meus, seu corpo me tocando. Ironia, eu queria você por não tê-lo. Agora a quem deveria culpar? Amores, bebidas ou deuses? Só a mim mesmo. Eu já tinha culpa em demasia para ter que carregar mais essa. A nova culpa da solidão.

Então resolvi culpar o destino e apenas a ele. Fechei os olhos e respirei. Mudei o fluxo dos meus pensamentos para o vinho e a camisa. Tentei mentir para mim mesmo e sai da festa, sem tê-lo ao meu lado, com o gosto de mentiras nos lábios e uma camisa suja.

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