1.21.2011

Finiti.

Nem sempre acaba. Às vezes, raras vezes, ficam as marcas, que são irremovíveis, tornando assim inacabável. Nem sempre acaba. Recomeça, começa, tem meio, mas o que era pra ser fim significa apenas uma pausa dramática num palco sem platéia, sem público o espetáculo terminaria; então existe uma pausa, um momento para respirar, ver os erros e os acertos, esperar o público retornar e assim começar, recomeçar a peça.

Acreditar num reinicio não é loucura, é a tão famigerada esperança. Não posso acreditar que seja apenas um sopro de vida, dez, vinte ou míseros cem anos. Não posso, não quero e nem vou acreditar nas palavras deterministas de que acaba aqui, agora ou depois, nesse mundo material e surreal, não pode ser real, a morte não é um fim.

Finiti. Finado. Acabado. Finalizado. Odeio essas palavras. Diga-me no que crer, e eu vos direi no que creio. Eu creio num inacabável senso de humor dos deuses, ou de Deus. Um tão grandioso humor que é capaz de fazer-nos acreditar nas nossas falsas lágrimas, enquanto na verdade elas são falsas, devido ao que virá, o novo inicio. Não há término, e nós, sem saber como ver o futuro e tão presos ao humor divino, choramos o que acabou de acontecer, choramos devido à pausa dramática.

Mas não me agrada não chorar. Não me agrada esse humor sarcástico que parece um ácido que me corrói as vísceras. Não me agrada chorar por algo efêmero, mas inegavelmente mortal; a morte. Gritar sem voz, ver a escuridão. Lamber o chão. Sinto-me assim por dentro e por fora ao me deparar com a dor de alguém que acredita no finiti da morte.

Nem sempre acaba. Deixa marcas sólidas e irremovíveis. Deixa em mim, em ti, nela e naquela. Eu quero acreditar nisso, antes que louco fique com a morte de minha amada. Antes que louco fique com a morte de meu amado. Antes que apenas louco fique com a morte, com a morte fique louco e como um louco fique morto.

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